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Conclusão



Seguimos passo a passo a longa série dos fenômenos espíritas, desde as primeiras manifestações que se deram na América até as importantíssimas experiências de Crookes e de Aksakof. Verificamos que todas as teorias destinadas a explicar o fenômeno por outras causas que não sejam a ação dos Espíritos foram manifestamente reconhecidas falsas ou insuficientes. Podemos, pois, afirmar, hoje, que a imortalidade da alma está rigorosamente demonstrada.


Do exposto também resulta que o Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência experimental; ele não foi constituído sobre idéias preconcebidas; não é obra de um homem nem de uma seita, e, sim, um produto direto da observação.


A certeza da imortalidade do ser pensante surge radiante do estudo dos fatos. Está provado que o eu consciente sobrevive à morte, que aquilo que constitui verdadeiramente o homem não é atingido pela desagregação do corpo e que, na vida de além-túmulo, a individualidade humana persiste em sua integralidade.


É esse eu consciente que adquire, por sua vontade, todas as virtudes e todas as ciências que lhe são indispensáveis para se elevar na escala dos seres. A criação não está limitada à fraca parte que os nossos instrumentos nos permitem descobrir; ela é infinita em sua imensidade. Longe de nos considerarmos como habitantes exclusivos deste pequeno globo, o Espiritismo demonstra que somos cidadãos do Universo.


Vamos do simples ao composto. Partindo do estado mais rudimentar, aos poucos nos elevamos à dignidade de seres responsáveis; cada conhecimento novo que em nós se fixa faz-nos entrever horizontes mais vastos e gozar de uma felicidade mais perfeita. Longe de colocarmos o nosso ideal na ociosidade beata e eterna, acreditamos que a suprema felicidade consiste na atividade incessante do Espírito, na ciência cada vez maior e no amor que desenvolvemos por nossos irmãos, à medida que avançamos no árduo caminho do progresso.


Compreende-se que essas idéias nos obriguem a admitir a pluralidade das existências e a negação completa de um paraíso circunscrito ou de um inferno qualquer. Quando se pensa na possibilidade de se viver grande número de vezes na Terra com corpos humanos diferentes, essa idéia, a princípio, parece absurda; mas, quando se reflete na soma enorme de conquistas intelectuais que devem possuir os povos civilizados, na distância que separa o selvagem e o homem instruído, na lentidão com que se adquire um hábito vê-se desenhar a evolução dos seres e concebem-se as vidas múltiplas e sucessivas, como uma necessidade absoluta que se impõe ao Espírito, tanto para adquirir a sabedoria como para resgatar as faltas que cometeu anteriormente. A vida da alma, encarada sob esse ponto de vista, demonstra que o mal não existe ou, antes, que ele é criado por nós e é resultante da nossa ignorância.


Existem leis eternas que não devemos transgredir; mas, se nos não conformamos com elas, temos eternamente a faculdade de reparar, por novos esforços, as faltas e os crimes que cometemos. É por provas inumeráveis, que todos nós devemos passar, que chegaremos à felicidade, apanágio de todos os seres viventes.


A filosofia espírita alenta o coração; considera os infelizes, os deserdados deste mundo como irmãos a quem devemos apoiar. É colocando-nos neste ponto de vista que afirmamos ser uma simples questão de tempo a distância que separa o selvagem mais embrutecido e o homem de gênio de um país civilizado. No domínio moral, dá-se ainda o mesmo fato: monstros como Nero e Calígula podem e devem, no futuro, elevar-se ao grau sublime de São Vicente de Paulo.


O egoísmo é inteiramente destruído pelo Espiritismo. Esta doutrina proclama que ninguém pode ser feliz se não amar seus irmãos e se não os ajudar a progredir moral e intelectualmente. Na lenta evolução das existências, podemos ser, por diversas vezes e reciprocamente, pai, mãe, esposo, filhos, irmãos, etc. Os efeitos diferentes que essas posições diversas fazem nascer cimentam nos corações laços poderosos de amor.


É pelo auxílio mutuamente prestado que podemos adquirir as virtudes necessárias ao nosso adiantamento espiritual.


Nenhuma filosofia se elevou ainda a tão grandiosa concepção da vida universal, nenhuma pregou ainda moral tão pura! Por isso, apresentamo-nos ousadamente ao mundo, apoiados nas bases inabaláveis da certeza científica.


O Espiritismo é uma ciência progressiva, baseia-se na revelação dos Espíritos e na análise minuciosa dos fatos. Não tem dogmas nem doutrina cuja discussão seja interdita; além da comunicação entre os vivos e os mortos e do principio da reencarnação, que estão absolutamente demonstrados, admitimos todas as teorias racionais que se referem à origem e ao futuro da alma. Em uma palavra, somos os positivistas do espiritualismo, e isso dá-nos uma superioridade incontestável sobre as outras filosofias, cujos adeptos se conservam encerrados em estreitas malhas.


Tal é, em suas grandes linhas, a filosofia que os mundanos procuraram deprimir por meio da falsidade e da calúnia. Concebe-se que as nossas idéias e o nosso modo de ver coloquem-nos muito acima das críticas vulgares e induzam-nos a não dar importância aos anátemas lançados contra nós pelos ignorantes; mas cumpre propagarmos as nossas idéias, a fim de que o sol da justiça se levante sobre nós e permita aos pensadores apreciar, em toda a sua grandeza, a nobre doutrina que se denomina Espiritismo.


FIM


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