Conclusões


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Da vida de Joana d'Arc três grandes lições se destacam em traços de luz.


Ei-las:


Nas horas de crise e de provação, a Humanidade não fica abandonada a si mesma. Do Alto, socorros, forças, inspirações descem para a sustentar e guiar em sua marcha. Quando o mal triunfa, quando a adversidade se encarniça contra um povo, Deus intervém por meio de seus mensageiros. A vida de Joana é uma das manifestações mais brilhantes da Providência na História.


Fortíssima comunhão existe entre todos os planos da vida, visíveis ou invisíveis. Para as almas sensíveis e adiantadas na evolução, nas quais os sentidos interiores, as faculdades psíquicas se acham desenvolvidas, essa comunhão se estabelece desde este mundo, no decurso da vida terrestre. É tanto mais íntima e fecunda, quanto mais puras e libertas das influências inferiores são as almas e mais bem preparadas para as missões que lhes incumbem. Tais os médiuns, na sua maioria. Ao número deles pertence Joana, que foi um dos maiores.


Dessa comunhão entre os vivos e os mortos, entre os habitantes da Terra e os do Espaço, cada um de nós é chamado a participar no futuro, pela evolução psíquica e pelo aperfeiçoamento moral, até que as duas Humanidades, terrena e celeste, formem uma só e imensa família, unida no pensamento de Deus.


Desde agora, liames subsistem entre os homens e os que desapareceram. Misteriosos fios ligam todos os Espíritos que se têm encontrado na Terra. O presente é solidário com o passado e com o futuro e o destino dos seres se desenrola em espiral ascendente, do nosso humilde planeta até as profundezas do céu estrelado.


De lá, dessas alturas, descem os messias, os mensageiros providenciais. O aparecerem no nosso mundo constitui uma completa revelação. Estudando-os, aprendendo a conhecê-los, levantamos uma ponta do véu que nos oculta os mundos superiores e divinos a que eles pertencem, mundos dos quais os homens mal suspeitam, esmagados como se encontram, na sua maioria, pela pesada crisálida material.


Nas grandes datas da História, Deus oferece tais vidas como exemplos e lições à Humanidade. Para essas figuras de heróis e de mártires é que devem volver o olhar os que duvidam, os que sofrem. Entre elas, nenhuma tão suave como a de Joana d'Arc. Seus atos e suas palavras são, há um tempo, ingênuos e sublimes. Uma existência tão breve, mas tão maravilhosa, não pode deixar de ser tida como um dos mais belos dons feitos por Deus à França e, para o século XIX; será uma glória haver, em meio de tantos erros e faltas, posto em foco esse nobre perfil de virgem. Nenhuma nação conta em seus anais fato comparável a essa vida. Ela é, como bem escreveu Étienne Pasquier, “um verdadeiro prodígio da mão de Deus”.


Sua ação no passado foi o início de uma renovação nacional; no presente, é o sinal de uma renovação religiosa, diversa das precedentes, mas adaptando-se melhor às necessidades da nossa evolução. Seríamos mais exatos se, em vez de religiosa, disséssemos científica e filosófica. O que é certo, porém, é que vão ser renovadas as crenças da Humanidade. Perecerá por isso o sentimento religioso? Não, sem dúvida; apenas se transformará, para revestir aspectos novos. A fé não pode extinguir-se no coração do homem. Se desaparecer, por instante, é unicamente para dar lugar a uma fé mais elevada. Para que os sóis da noite se acendam e a imensidade estrelada se ostente aos nossos olhos, não importa que o astro rei se suma no horizonte? Quando o dia descamba, parece que o Universo se cobre com um véu e que a vida vai ter fim. No entanto, sem a extinção da luz diurna, veríamos, no fundo do céu, o formigueiro dos astros? O mesmo se dá com as formas atuais da religião e da crença, que não morrem aparentemente, senão para renascerem mais amplas e mais belas. A ação de Joana e das grandes almas do espaço prepara esse renascimento, para o qual nós, do nosso lado, no plano terrestre, trabalhamos sem descanso, há longo tempo, sob a égide da gloriosa inspirada, cujos conselhos e instruções ainda nos não faltaram.


Por isso mesmo é que, votando-lhe ardente simpatia, consagrando-lhe terna veneração e vivo reconhecimento, escrevi este livro. Concebi-o em horas de recolhimento, longe das agitações do mundo. À medida que o curso de minha vida se precipita, mais triste se torna o aspecto das coisas e as sombras se condensam à volta de mim. Mas, vindo do Alto, um raio de luz me ilumina todo o ser e esse raio emana do Espírito de Joana. Foi ele quem me esclareceu e guiou na minha tarefa.


Vai para meio século, muito se há escrito, dissertado, discutido a respeito da virgem Lorena. Polêmicas violentas, bulhentas manifestações se têm produzido em diversos sentidos; quase que em seu nome batalhas se travaram. No torvelinho dessas contradições, dessas lutas, acompanhando-as com entristecido olhar, quis ela fazer ouvida a sua voz e dignou-se de entrar em comunicação conosco, divisando em nós um servidor devotado da causa que hoje está debaixo da sua proteção. Estas páginas são a expressão fiel do seu pensamento, do seu modo de ver. A este título é que, com a maior humildade pessoal, apresento-o aos que, neste mundo, prestam honras a Joana e amam a França.


FIM


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