Capítulo 35: A Vida Superior



   


A alma virtuosa, depois de haver vencido suas paixões, depois de abandonar o corpo, miserável instrumento de dor e de glória, vai, através da imensidade, juntar-se às suas irmãs do espaço. Atraída por uma força irresistível, ela percorre regiões onde tudo é harmonia e esplendor; mas a linguagem humana é muito pobre para descrever o que aí se passa.


Entretanto, que alívio, que deliciosa alegria então experimenta, sentindo quebrada a pesada cadeia que a retinha à Terra, podendo abraçar a imensidão, mergulhar no espaço sem limites, librar-se além dos mundos. Não mais tem um corpo enfermo, sofredor e pesado como uma barra de chumbo; não mais terá fardo material para arrastar penosamente. Desembaraçada de suas cadeias, entra a irradiar e embriaga-se de espaço e de liberdade. A fealdade terrena e a decrepitude deram lugar a um corpo fluídico de aparência graciosa e de formas ideais, diáfano e brilhante. Aí encontra aqueles a quem amou na Terra, que a precederam na nova vida e agora parecem esperá-la. Então, comunica-se livremente com todos, suas expansões são repletas de felicidade, embora ainda um pouco anuviadas por tristes reminiscências da Terra e pela comparação da hora presente com um passado cheio de lágrimas. Outros Espíritos que perdera de vista em sua última encarnação, mas que se tinham tornado seus afeiçoados por provas suportadas em comum no decurso das idades, vêm também juntar-se aos primeiros. Todos os que compartilharam seus bons ou maus dias, todos os que com ela se engrandeceram, lutaram, choraram e sofreram correrão ao seu encontro, e sua memória, despertando-se desde então, ocasionará explosões de felicidade e venturas que a pena não sabe descrever.


Como resumir as impressões da vida radiante que se abre ao Espírito? A veste grosseira, o manto pesado que lhe constrangia os sentidos íntimos, despedaçando-se subitamente, tornam centuplicadas as suas percepções. O horizonte se lhe alarga e não tem mais limites. O infinito incomensurável, luminoso, desdobra-se às suas vistas com suas ofuscantes maravilhas, com seus milhões de sóis, focos multicores, safiras e esmeraldas, jóias enormes, derramadas no azul e seguidas de seus suntuosos cortejos de esferas. Esses sóis, que aparecem aos homens como simples lampadários, o Espírito contempla em sua real e colossal grandeza; vê-os mais poderosos que o luminar do nosso planeta; reconhece a força de atração que os prende e distingue ainda, em longínquas profundezas, os astros maravilhosos que presidem às evoluções. Todos esses fachos gigantescos ele vê em movimento, gravitando, prosseguindo seu curso vagabundo, entrecruzando-se, como globos de fogo lançados no vácuo pela mão de um invisível jogador. Nós, perturbados sem cessar por vãos rumores, pelo confuso sussurro da colméia humana, não podemos conceber a calma solene, o majestoso silêncio dos espaços, que enche a alma de um sentimento augusto, de um assombro que toca as raias do pavor.


Mas o Espírito puro e bom é inacessível ao temor. Esse infinito, frio e silencioso para os Espíritos inferiores, anima-se logo para ele e o faz ouvir sua voz poderosa. Livre da matéria, a alma percebe, aos poucos, as vibrações melodiosas do éter, as delicadas harmonias que descem das regiões celestes e compreende o ritmo imponente das esferas.


Esse cântico dos mundos, essas vozes do infinito que soam no silêncio ela saboreia até se sentir arrebatar. Recolhida, inebriada, cheia de um sentimento grave e religioso, banha-se nas ondas do éter, contempla as profundezas siderais, as legiões de Espíritos, sombras ligeiras que flutuam e se agitam em esteiras de luz. Assiste à gênese dos mundos, vê a vida despertar-se e crescer na sua superfície, segue o desenvolvimento das humanidades que os povoam e, nesse grande espetáculo, verifica que em toda parte do Universo a atividade, o movimento e a vida ligam-se à ordem.


Qualquer que seja seu adiantamento, o Espírito que acaba de deixar a Terra não pode aspirar a viver indefinidamente dessa vida superior. Adstrito à reencarnação, essa vida não lhe é senão um tempo de repouso: uma compensação aos seus males, uma recompensa aos seus méritos. Apenas aí vai retemperar-se e fortificar-se para as lutas futuras. Porém, nas vidas que o esperam não terá mais as angústias e os cuidados da existência terrestre.


O Espírito elevado é destinado a renascer em planetas mais bem dotados que o nosso. A escala grandiosa dos mundos tem inúmeros graus, dispostos para a ascensão progressiva das almas, que os devem transpor cada um por sua vez.


Nas esferas superiores à Terra o império da matéria é menor. Os males por esta originados atenuam-se, à medida que o ser se eleva e acabam por desaparecer. Lá, o ser humano não mais se arrasta penosamente sob a ação de pesada atmosfera; desloca-se de um lugar para outro com muita facilidade. As necessidades corpóreas são quase nulas e os trabalhos rudes são desconhecidos. Mais longa que a nossa, a existência aí se passa no estudo, na participação das obras de uma civilização aperfeiçoada, tendo por base a mais pura moral, o respeito aos direitos de todos, a amizade e a fraternidade. As guerras, as epidemias e os flagelos não têm acesso e os grosseiros interesses, causa das nossas ambições, não mais dividem os povos.


Esses dados sobre as condições de habitabilidade dos mundos são confirmados pela Ciência. Pela espectroscopia já se conseguiu analisar os seus elementos constitutivos; já se pesou a sua massa, calculando seu poder de atração. A Astronomia nos mostra as estações do ano, variando de duração e intensidade, segundo a inclinação dos globos sobre sua órbita, e ensina-nos que Saturno tem a densidade do pau “bordo”, Júpiter quase a da água, e que sobre Marte o peso dos corpos é menos de metade que na Terra. Ora, sendo a organização dos seres vivos a resultante das forças em ação sobre cada mundo, vemos que variedades de formas se originam desses fatos, que diferenças devem produzir-se nas manifestações da vida sobre os campos inumeráveis do espaço.


Chegará afinal um dia em que o Espírito, depois de haver percorrido o ciclo de suas existências terrestres, depois de se haver purificado através dos mundos, por seus renascimentos e migrações, vê terminar a série de suas encarnações e abrir-se a vida espiritual, definitivamente, a verdadeira vida da alma, donde o mal, as trevas e o erro estão banidos para sempre. A calma, a serenidade e a segurança profunda substituem os desgostos e as inquietações de outrora. A alma chegou ao término de suas provações, não mais terá sofrimento. Com que emoção rememora os fatos de sua vida, esparsos na sucessão dos tempos, sua longa ascensão, a conquista de seus méritos e de sua elevação! Que ensinamento nessa marcha grandiosa, no percurso da qual se constitui e se afirma a unidade de sua natureza, de sua personalidade imortal!


Compara os desassossegos de outras épocas, os cuidados e as dores do passado com as aventuras do presente e saboreia-as a longos tragos. Que inebriamento o de sentir-se viver no meio de Espíritos esclarecidos, pacientes e atenciosos; unir-se-lhes pelos laços de inalterável afeto; participar das suas aspirações, ocupações e gozos; ser-se compreendido, sustentado, amado por todos, livre das necessidades e da morte, na fruição de uma mocidade sobre a qual os séculos não fazem mossa! Depois, vai estudar, admirar, glorificar a obra infinita, aprofundar ainda os mistérios divinos; vai reconhecer por toda parte a beleza e a bondade celeste; identificar-se e saciar-se com elas; acompanhar os Gênios superiores em seus trabalhos e suas missões; compreender que chegará um dia a igualá-los; que subirá ainda mais e que a esperam, sempre e sempre, novas alegrias, novos trabalhos, novos progressos: tal é a vida eterna, magnífica, a vida do espírito purificado pelo sofrimento.


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Os céus elevados são a pátria da beleza ideal e perfeita em que todas as artes bebem a inspiração. Os Espíritos eminentes possuem em grau superior o sentimento do belo. Este é a fonte dos mais puros gozos e todos sabem realizá-lo em seus trabalhos, diante dos quais empalidecem as obras-primas da Terra. Cada vez que uma nova manifestação do gênio se produz sobre o mundo, cada vez que a arte se nos revela sob uma forma aperfeiçoada, pode-se dizer que um Espírito descido das altas esferas tomou corpo na Terra para iniciar os homens nos esplendores da beleza eterna. Para a alma superior, a arte, sob seus múltiplos aspectos, é uma prece, uma homenagem prestada ao Princípio de todas as coisas.


O Espírito, pelo poder de sua vontade, opera sobre os fluidos do espaço, os combina, dispondo-os a seu gosto, dá-lhes as cores e as formas que convêm ao seu fim. É por meio desses fluidos que se executam obras que desafiam toda comparação e toda análise. Construções aéreas, de cores brilhantes, de zimbórios resplendentes: sítios imensos onde se reúnem em conselho os delegados do Universo; templos de vastas proporções, de onde se elevam acordes de uma harmonia divina; quadros variados, luminosos, reproduções de vidas humanas, vidas de fé e de sacrifício, apostolados dolorosos, dramas do infinito. Como descrever magnificências que os próprios Espíritos se declaram impotentes para exprimir no vocabulário humano?


É nessas moradas fluídicas que se ostentam as pompas das festas espirituais. Os Espíritos puros, ofuscantes de luz, agrupam-se em famílias. Seu brilho e as cores variadas de seus invólucros permitem medir a sua elevação, determinar-lhes os atributos. Suaves e encantadores concertos, comparados aos quais os da Terra não são mais que ruídos discordantes; por cenários têm eles o espaço infinito, o espetáculo maravilhoso dos mundos que rolam na imensidão, unindo suas notas às vozes celestes, ao hino universal que sobe a Deus.


Todos esses Espíritos, associados em falanges inumeráveis, conhecem-se e amam-se. Os laços de família, os afetos que os uniam na vida material, quebrados pela morte, aí se reconstituem para sempre. Destacam-se dos diversos pontos do espaço e dos mundos superiores para comunicarem mutuamente os resultados de suas missões, de seus trabalhos, para se felicitarem pelos êxitos obtidos e coadjuvarem-se uns aos outros nas empresas difíceis. Nenhum pensamento oculto, nenhum sentimento de inveja tem ingresso nessas almas delicadas. O amor, a confiança e a sinceridade presidem a essas reuniões, onde todos recolhem as instruções dos mensageiros divinos, onde se aceitam as tarefas que contribuem para elevá-los ainda mais. Uns seguem a observar o progresso e o desenvolvimento dos globos; outros encarnam nos diversos mundos para cumprir missões de devotamento, para instruir os homens na moral e na Ciência; outros ainda, os Espíritos-guia ou protetores, ligam-se a alguma alma encarnada, a sustentam no rude caminho da existência, conduzem-na do nascimento à morte, durante muitas vidas sucessivas, vindo acolhê-la no termo de cada uma delas, quando entra no mundo invisível. Em todos os graus da hierarquia espiritual, as almas têm um papel a executar na obra imensa do progresso e concorrem para a realização das leis superiores.


Quanto mais o Espírito se purifica, mais intensa, mais ardente nele se torna a necessidade de amar, de atrair para a sua luz e para a sua felicidade, para a morada em que não se conhece a dor, tudo o que sofre, tudo o que luta e se agita nas baixas camadas da existência.


Quando um desses Espíritos adota um de seus irmãos atrasados e torna-se seu protetor, seu guia, com que solicitude afetuosa lhe sustenta os passos, com que alegria contempla os seus progressos e com quanta dor vê as quedas que não pôde evitar! Assim como a criança descida do berço ensaia seus primeiros passos sob os olhares enternecidos da sua carinhosa mãe, assim também, sob a égide invisível de seu pai espiritual, o Espírito é assistido nos combates da vida terrestre.


Todos temos um desses Gênios tutelares que nos inspira nas horas difíceis e dirige-nos pelo bom caminho. Daí a poética tradição cristã do anjo da guarda. Não há concepção mais grata e consoladora. Saber que temos um amigo fiel e sempre disposto a socorrer-nos, de perto como de longe, influenciando-nos a grandes distâncias ou conservando-se junto de nós nas provações; saber que ele nos aconselha por intuição e nos aquece com o seu amor, eis uma fonte inapreciável de força moral. O pensamento de que testemunhas benévolas e invisíveis vêem todos os nossos atos, regozijando-se ou entristecendo-se, deve inspirar-nos mais sabedoria e circunspecção. É por essa proteção oculta que se fortificam os laços de solidariedade que ligam o mundo celeste à Terra, o Espírito livre ao homem, Espírito prisioneiro da carne. É por essa assistência contínua que se criam, de um a outro lado, as simpatias profundas, as amizades duradouras e desinteressadas. O amor que anima o Espírito elevado vai pouco a pouco se estendendo a todos os seres sem cessar, revertendo tudo para Deus, pai das almas, foco de todas as potências efetivas.


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Falamos da hierarquia.


Há, com efeito, uma entre os Espíritos, mas a sua base única é a virtude e as qualidades conquistadas pelo trabalho e pelo sofrimento. Sabemos que todos os Espíritos são iguais, em princípio, e destinados ao mesmo fim, diferindo somente no grau de adiantamento. Os graus da hierarquia espiritual começam no seio da vida animal e estendem-se até alturas inacessíveis às nossas concepções atuais. É uma graduação inumerável de potências, de luzes, de virtude, aumentando sempre da base ao vértice, caso haja aí vértice. É a espiral gigantesca do progresso desenrolando-se até ao infinito e cujas três grandes fases – vida material, vida espiritual e vida celeste –, reagindo reciprocamente, formam um todo que constitui o campo de evolução dos seres, a lendária escada de Jacob. Sobre essa escada imensa todos os seres são ligados por laços invisíveis, cada um sustentado e atraído por outro mais elevado. As almas superiores, que se manifestam aos homens, não parecem dotadas de todas as perfeições e, entretanto, essas, pelas suas qualidades, apenas atestam a existência de seres que lhes estão colocados tão acima quanto eles o estão de nós. Os graus se sucedem e se perdem em profundezas cheias de mistério.


A veste fluídica denuncia a superioridade do Espírito; é como um invólucro formado pelos méritos e qualidades adquiridas na sucessão de suas existências. Opaca e sombria na alma inferior, seu alvor aumenta de acordo com os progressos realizados. Torna-se a alma cada vez mais pura. Brilhante no Espírito elevado, ofusca nas almas superiores. Todo Espírito é um foco de luz, velado por longo tempo, comprimido, invisível, mas que se descobre com o seu valor moral, cresce lentamente, aumentando em penetração e intensidade. No começo, é como o fogo escondido sob cinzas, que se revela por fracas claridades, e, depois, ainda por uma chama tímida e vacilante. Um dia, tornar-se-á a auréola que se ativa, estende e rodeia, completamente, o Espírito que, então, resplandece como um sol ou como esses astros errantes que percorrem os abismos celestes, arrastando sua longa cauda de luz. Para obter esse esplendor, é necessário o mérito, filho de trabalhos longos, de obras fecundas, adquirido em um número de existências que se nos afigura a eternidade.


Subindo mais para as culminâncias que o pensamento não pode medir sem vertigem, não se chegaria a entrever por uma intuição o que é Deus, alma do Universo, prodigioso centro de luz? A visão direta de Deus, dizem, só pode ser sustentada pelos grandes Espíritos. A luz divina exprime a glória, o poder, a majestade do Eterno, e, por si própria, é a visão da verdade. Poucas almas, porém, podem contemplá-la sem véu, precisando haver uma pureza absoluta para se lhe suportar o deslumbramento esmagador.


A vida terrena suspende as propriedades irradiantes do Espírito. Durante o seu curso, a luz da alma se acha oculta sob a carne, como lâmpada acesa no fundo de um sepulcro.


Entretanto, em nós mesmos podemos verificar a sua existência; as nossas boas ações, os nossos rasgos de generosidade alimentam-na e avivam. Uma multidão inteira pode sentir o calor comunicativo de uma alma entusiástica. Em nossos momentos de expansão, de caridade e amor sentimos como que uma chama ou um raio emanando do nosso ser. É por essa luz íntima que se distinguem os oradores, os heróis, os apóstolos. É ela que inflama os auditórios, arrasta os povos e os faz realizarem grandes cometimentos. As forças espirituais revelam-se então aos olhos de todos e mostram o que se pode obter das potências psíquicas, postas em ação pela paixão do bem e do justo. A força da alma é superior a todas as forças materiais; é a própria luz: poderia levantar um mundo.


Possamos nós alimentar-te com boas obras, avivar-te a chama, transformar-te num grande facho que esclareça e aqueça tudo o que se aproximar de ti, um fanal para guiar os Espíritos cépticos, errantes nas trevas, ó foco amoroso!


Tentamos dar uma idéia do que é a vida celeste definitiva, conforme o ensino dos Espíritos. Ela é o fim para o qual evolvem todas as almas, o meio em que todos os sonhos e projetos realizam-se, em que todas as aspirações satisfazem-se, o lugar onde as esperanças malogradas, as afeições desprezadas, os impulsos comprimidos pela vida material encontram-se em liberdade. Aí as simpatias, as ternuras e as atrações puras unem-se e fundem-se num amor imenso, que liga todos os Espíritos e os faz viverem em comunhão perpétua, no seio da grande harmonia.


Para atingir, porém, tais alturas, quase divinas, é preciso deixar sobre as vertentes que a elas conduzem os apetites, as paixões, os desejos; é necessário ser-se dilacerado pelos espinhos da matéria e purificado pela dor. É preciso adquirir a doçura, a resignação e a fé, aprender a sofrer sem murmurar, a chorar em silêncio, a desprezar os bens e as alegrias efêmeras do mundo e elevar suas aspirações aos bens que jamais findam. É indispensável deixar nas sepulturas terrestres muitos despojos deformados pelas privações, ter passado muitos trabalhos, suportado sem queixume humilhações e desprezos, sentir os golpes do mal, o peso do insulamento e da tristeza, ter esgotado, muitas vezes, o cálice profundo e amargo. Só o sofrimento, desenvolvendo as forças viris da alma, robustece-a para a luta e para a sua ascensão, amadurece e apura os sentimentos, abre as portas da bem-aventurança.


Espírito imortal, encarnado ou livre!... Se queres transpor com rapidez a escala árdua e magnífica dos mundos, alcançar as regiões etéreas, atira para longe tudo o que torna arrastados os teus passos e pode obstar-te o vôo. Deixa à Terra o que à Terra pertence e só aspira aos tesouros eternos; trabalha, ora a Deus, consola, auxilia, ama, oh! ama até ao sacrifício, cumpre o teu dever a qualquer preço, mesmo que percas a vida... Só assim semearás o germe da tua felicidade futura.