Nota 11


Pio X e o Modernismo


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O decreto Lamentabili sane exitu (3 de julho de 1907) alcança objetivamente:


“Os escritores que, ultrapassando os limites fixados pelos Padres e a mesma santa Igreja, pretendem um progresso dos dogmas a pretexto de melhor os compreender e em nome de pesquisas históricas, mas que na realidade os corrompem.”


Entre as proposições condenadas figuram as que sustentam que:


“11 – A inspiração divina não se estende a tal ponto a toda a santa Escritura que a preserve de qualquer erro em todas e cada uma de suas partes.”


Assim a ideia da estabilidade da Terra e todos os erros científicos da Bíblia seriam inspirados, e é proibido dizer o contrário.


“22 – Os dogmas que a Igreja apresenta como revelados, não são verdades baixadas do céu, mas uma certa interpretação dos fatos religiosos que o espírito humano chegou a adquirir com laborioso esforço.”


Da condenação nessa proposição resulta que o espírito humano é impotente para descobrir a menor verdade na ordem religiosa e por si mesmo se elevar à concepção da existência de Deus e da imortalidade da alma.


“53 – A constituição orgânica da Igreja não é imutável, mas permanece a sociedade cristã submetida, como toda sociedade humana, a uma perpétua evolução.”


Enleada assim pelos seus próprios ensinos, a Igreja nada pode modificar, mesmo em “sua constituição orgânica”. Ora, resulta de fatos patentes que ela tem muitas vezes e consideravelmente mudado. Explique quem puder semelhante anomalia. Não se pode formular condenação mais temerária.


“56 – A Igreja Romana se tornou a cabeça de todas as igrejas, não por uma disposição da divina Providência, mas pelo fato de circunstâncias puramente políticas.”


Os fatos atestam a verdade dessa proposição condenada. Nos primeiros tempos as igrejas particulares eram independentes de Roma.


É preciso não esquecer que a Igreja Romana só de muito longe se prende, com o seu catolicismo, à Igreja cristã, que tira seu nome da estada de S. Barnabé e de S. Paulo em Antioquia. Eis o que a esse propósito dizem os Atos dos Apóstolos: “E dali partiu Barnabé para Tarso, em busca de Paulo (S. Paulo); e, tendo-o achado, o levou a Antioquia. E aqui nesta igreja passaram eles todo um ano e instruíram uma grande multidão de gente, de maneira que foi em Antioquia que começaram os discípulos a serem chamados cristãos.” (Cap. XI, 25 e 26)


“57 – A Igreja se mostra inimiga do progresso das ciências naturais e teológicas.”


Aí está, por exemplo, uma proposição que merecia bem ser condenada. A Igreja é inimiga do progresso, mas que não se mostra ela jamais. Nesse ponto de vista Pio X tem razão. (Ver nota nº 10.)


Epístola apostólica para a construção de um Instituto Bíblico em Roma, 7 de maio 1909:


“Tem por fim este Instituto defender, promulgar, esclarecer a sã doutrina dos Livros santos, interpretados de conformidade com as regras estabelecidas ou a estabelecer pela Santa Sé apostólica, contra as opiniões falsas, errôneas, temerárias e heréticas, sobretudo as mais recentes”.


Inútil é fazer notar que esses diversos regulamentos nos retrotraem aos tempos da Inquisição, pelo fato de se imporem às consciências em virtude de um pretenso poder divino.


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